Quatorze
de junho floresceu luz. Às cinco horas um polvo gigante brilhava no céu,
cobrindo a gente aqui de baixo com seus tentáculos solares, e enquanto bebia o
pôr do sol com os olhos, dentro de mim chovia gratidão. Porque o cinema exibia
a vigésima primeira estreia de um dos meus filmes favoritos, daqueles que eu
não canso de assistir e adivinhar o final.
Ao fim
dos trailers e o apagar dos refletores, na tela houve o clarão; começara. No
início, tudo era flor, rosas, copos de leite, tulipas, e até flor de cerejeira
havia no jardim Essência. À esquerda da tela, na linha do coração, transpassava
uma linha de trem, transportando um rio de lágrimas, e brilhava, luzia como a
cobra de vidro do quintal de um certo poeta mato-grossense. Ao centro de todas
as veredas, uma réplica da caixa de Pandora pulsava um refrão já conhecido, ‘’Novo
tempo começou uma nova estação, eu vou navegar nesse novo mar de constelações’’.
E não bastasse tudo,
o vento soprava as folhas, e as folhas faziam ballet da ventania, porque nem
alarde as derrubava. A vida ali era renovação, desde o rio que levava
esperança, e refletia amor, até as árvores, fortalezas em si. Nem posso
descrever aquele céu, imensidão de cor, pra todo humor que nascesse ainda era
evento de serenidade.
E qual não foi a surpresa dos demais expectadores,
ao notarem que a forma de jardim se esticava e desdobrava até virar do avesso e
se fazer mulher. Ela andou pelo mundo com graça de quem vive pela primeira vez,
sonha cor de rosa, e sente como uma anciã. Marcou pegada em cada um que conheceu
e reencontrou, porque seus olhos bem sabiam aquilo que não se explica, mas que
Vinícius de Moraes tentou, ao versar que ‘’não se faz amigos, reconhece-os’’.
Saí da sala de cinema
já com saudades das aventuras da protagonista, pois o filme é uma crescente de
comédia romântica, cuja mocinha desperta de si pra dança, mudanças e andanças,
levando consigo o mar de suas conquistas. Assisti esses passos com afeição, e
embora suspeite que uma hora eles ainda cheguem a Hollywood, não cabe a mim
revelar o final dessa história a vós, leitores curiosos da minha pseudo- crônica.
Eu apenas lhes conto que a chamam de Ana, e por fazer da vida Luz, Ana Clara; e
que dizem por aí que o filme é baseado em fatos reais.
Bruna Almeida
Bruna Almeida
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